Leia e pense !!! CONTRA TODA AUTOAJUDA, PARA AJUDAR! - Sidney Folgierini

CONTRA TODA AUTOAJUDA, PARA AJUDAR!

Primeiramente, podemos partir do princípio de que todo encontro com a verdade pode produzir sensações arrebatadoras no campo das emoções, desde as mais antigas lembranças ao choro mais intenso e copioso. A prática da autoajuda tornou-se ferramenta sistemática de exploração de emoções com fins de exteriorizar o anseio calado, o grito não dado, o choro inibido e intimidado, assim como toda ferramenta que intencione promover alívio, na verdade em si já se revela mecânica de exploração e de escavações emocionais desse frutífero e complexo experimento antropológico suscetível e vulnerável chamado ser humano.

A profissão – Coaching – que atualmente mais se encarrega de fazer seus expectadores chorar, prepara o ambiente, condiciona-o com plateia, motivadores de emoções, jargões estimuladores de crenças positivas e com finalidade pirotécnica de auferir vultosa grana para seus idealizadores arrecadou seu próprio espaço de algum tempo pra cá.

Nenhum explorador escavaria em terra acerca da qual não tivesse comprovadas razões para ligar suas máquinas. O ser humano é comprovadamente uma mina de profundas emoções à serem mexidas e desenterradas. Sabedores disto, profissionais ou ao menos pessoas que se especializaram na “arte” de extrair emoções investem todas as suas fichas na captação de gente vulnerável emocionalmente para encher seus eventos captadores de vantagens financeiras. Tudo começa com um discurso inspirador e motivador para que o vulnerável se faça presente no tal evento arrebatador e extasiante com vistas para a grande e extraordinária façanha de fazê-lo chorar. Esta sem dúvida, tem-se revelado a ocupação mais extratora de lágrimas que previamente se convertem em moeda corrente para seus idealizadores.

Tal “ciência” se compõe da mescla de incursões psicológicas carregadas de notável compreensão sobre-humana e de discreto discurso semirreligioso. Digo não tratar-se de ciência de fato pois lança mão de ferramentas da psicologia, o que poderia se configurar plágio, mas quanto à notável e sobre-humana compreensão, quanto à condição humana não se configuraria plágio ou posse indevida, pois todo ser humano tem o direito de mostrar-se sensível ao próximo sem contudo incorrer em fraude. De modo geral um descrente nas coisas do espírito não se inclinaria para discursos com teor religioso ou que abarcasse aceirada espiritualidade, mas pessoas crédulas espiritualmente se permitem com certa facilidade suportar tais discursos. É a combinação perfeita: psicologia, humanidade e espiritualidade. O que penso sobre esta modalidade de intervenção? Penso que tais elementos juntos são suficientemente possíveis para produzir lagrimas em alguns, sensibilidade noutros e êxtase, euforia e prováveis surtos numa massa manipulada para este mesmo fim.

O que de modo obscuro me deixa extenuado é o fato de que declaram tratar-se de nova ciência sem contudo ter desenvolvido absolutamente nada que a fundamentasse nova ou ciência. O que compõe tal “ciência” entretanto acomoda ferramentas e elementos complexos da psicologia aplicados por leigos que não possuem formação em psicologia. Da mesma sorte, sem qualquer histórico ou trajetória religiosa e espiritual valem-se de maneira imitativa na aplicação de jargões, músicas religiosas e até mesmo veemência semi profética para imprimir sensibilidade espiritual numa plateia sedenta por algo novo que promova emoção que à faça sentir-se melhor, mais humana e humanizada. Então temos, abordagens psicológicas aplicadas por não-psicólogos; ingerência religiosa e espiritual sem todavia trazer o mínimo de vivência neste campo; resta então humanismo: atribuições ao humano até competências que não são suas, mas que da maneira como se transfere acaba por ser de modo passivo admitido como próprias do ser humano. O humanismo encarrega-se de super dotar o humano com atributos e responsabilidades que somente deveriam ser conferidas a divindade e a ninguém mais.                

PRECONCEITOS IMPLÍCITOS DO COACHING
Sob a prerrogativa de que somos inconscientemente influenciados pelas cinco pessoas que nos são mais próximas e de que elas exercem controle inconsciente sobre nossa maneira de aspirar às coisas da vida sugerindo que nos distanciemos delas por suas baixas expectativas de sucesso, o Coaching enquanto “ciência” inventada (copiada da mistura entre psicologia, espiritualidade e humanismo) para fazer-se equilibrado e não desse mostras de excessivo humanismo (fundamento essencial para que os discursos da autoajuda funcionem e sejam aceitos com naturalidade) encarregou-se de incluir aspectos de religiosidade e espiritualidade para que as argumentações e afirmações do humanismo não fossem tão facilmente identificadas, e se identificadas, poderiam facilmente ser contra argumentadas pelos indícios de teísmo da religiosidade e espiritualidade adotados como mecanismo de justificação das sorrateiras nuances da autoajuda humanista.   

Sidney Folgierini
Bacharel em Teologia
 Autor do livreto Dores do Crescimento
Presidente da Editora Missão 2022


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